sábado, 17 de dezembro de 2016

Próxima parada: Votorantim

Reciclando a Política - 2a. Edição


Eco empreendedorismo
Ativismo e Movimentos Sociais
Minorias na política
Estratégia Eleitoral
Teoria de Ocupação
Democracia Semi-Direta


Local  : Rancho Cambará

Estrada Pedro Monari  2012

Bairro Carafa Votorantim SP




Café da manhã - Bolo de Mandioca
Almoço - Galinhada
Bebidas não inclusas
Favor confirmar presença até dia 02/01



sábado, 10 de dezembro de 2016

Eco-empreendedorismo

Clóvis Nobre de Miranda
Consultor em meio ambiente. Ex-professor titular da UFMT
 
O empreendedor é uma pessoa movida a desafios. A paixão de realizar alguma ação é mais importante que o resultado. A auto-aprovação do resultado é mais importante que o imediato reconhecimento por terceiros.


O Empreendedorismo é hoje uma palavra de uso freqüente. É tema de treinamentos comportamentais, de livros de auto-ajuda, já se tornou disciplina e área de estudo em estabelecimentos de ensino superior. Fala-se mesmo em tarná-lo obrigatório no ensino básico para que cada um desperte o potencial empreendedor que tem. Há outra corrente que afirma ser o empreendedorismo uma característica inerente ao patrimônio genético de alguns. Uma terceira corrente enfatiza que o meio ambiente social e biofísico determina o comportamento empreendedor. Seja qual for o fator ou, mais provavelmente, a combinação de fatores, o fato é que o empreendedor é um inovador de conhecimento, de técnica, de processo ou de produto que transforma o mundo.
O insucesso é encarado como uma oportunidade de aprendizado. O que para muitos representa uma dose de sacrifício, para o empreendedor é apenas um desconforto passageiro.
Ele tem comportamento diferenciado, não se situa no lugar comum, na média. É comum pensar que empreendedor é sinônimo de empresário. O objetivo do empresário é lucro é o “poder” atual na forma de crescimento empresarial e acumulação de riqueza. O objetivo do empreendedor é realizar, é a busca do novo, é o “poder” na forma de auto-aprovação atual e de reconhecimento futuro. Para o empreendedor o lucro é apenas um dos indicadores de sucesso e não necessariamente essencial. Assim o empreendedor pode ser empresário, servidor público, líder comunitário, político, profissional liberal, pesquisador. Desafios estão em toda gama de ação humana. Sentimento de transformador do mundo, de gestor da natureza, de formador de conceitos e opiniões, de reconhecimento social é inerente à natureza humana. O empreendedor é o indivíduo que decide realizar esse sentimento.
Nesse sentido a ação do empreendedor interfere necessariamente na “teia da vida” – na dinâmica biofísica, nos valores e idéias, no tecido social. Conseqüentemente ele deve estar consciente do equilíbrio dinâmico do meio onde está agindo que em última análise é todo o planeta terra. Isto lhe confere uma responsabilidade ética. Ele deve ser um eco-empreendedor.
A ética é em essência a busca da felicidade de toda a humanidade. Essa felicidade só é possível em ambiente de harmonia. A harmonia da natureza é um contínuo transformar alimentado pela competição entre as espécies pelos mesmos elementos químicos e pela cooperação para que esses elementos não deixem de existir. Transformadores do mundo desprovidos dessa consciência são os grandes responsáveis pelos problemas ambientais, biofísicos e sociais, que temos hoje.
A solução para esses problemas não é a nostalgia, o retorno à vida pastoril. A natureza está em contínua uma transformação. É uma eterna competição com cooperação em busca de novo equilíbrio. Desenvolvimento é uma continuada mudança de um estado de menor para um de maior bem-estar.
O eco-empreendedor é imprescindível no processo de recuperação do equilíbrio ambiental. O eco-empreendedorismo nada mais é do que transformar, inovar atendendo aos princípios básicos do socialmente justo; ambientalmente correto e economicamente viável.

Texto original: http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp?ID=1440

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Fast Food da Política

fast food da politica


O Fast Food da Política propõe uma abertura de código do sistema político brasileiro e suas inúmeras criptografias, através da gamificação. Acreditamos que se a política puder ser divertida, o contato com essa coisinha marrenta, pode mover o mundo.



quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Desconstrução pode ser remédio ou veneno

20/10/2014 | 09:12 - Atualizado em: 20/10/2014 | 09:43originalmente descrito aqui= http://brasileconomico.ig.com.br/brasil/politica/2014-10-20/desconstrucao-pode-ser-remedio-ou-veneno-diz-cientista-politico.html

'Desconstrução pode ser remédio ou veneno', diz cientista político

O alerta é de Fernando Abrucio, para quem os ataques mútuos entre os presidenciáveis tanto podem render quanto tirar votos. O que é extremamente delicado numa disputa que será decidida “pela distância de um nariz”


Eduardo Mirandaeduardo.miranda@brasileconomico.com.breOctávio Costaocosta@brasileconomico.com.br
Diante das pesquisas que apontam empate técnico entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) a seis dias da eleição, o cientista político Fernando Abrucio afirma que a decisão virá “na última curva”, em alusão à ultrapassagem que deu o título mundial de Fórmula 1, em 2008, ao inglês Lewis Hamilton, quando Felipe Massa já havia cruzado a linha de chegada. “Os candidatos terão que dirigir com as pontas dos dedos, como se diz nas pistas”. Ele adverte que a estratégia de desconstrução depende da dose certa. “Pode ser um remédio, mas pode se tornar um veneno”. Na opinião de Abrucio, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), o desafio de Dilma é desconstruir a candidatura do Aécio, enquanto o tucano tem de confirmar a imagem que ele construiu ao fim do primeiro turno. Abrucio assegura que o resultado do pleito terá uma diferença mínima de votos. “Se houver equilíbrio entre os dois nos debates de TV, o vencedor ganhará com um nariz de distância sobre o outro”, aposta.


"Para Aécio, o apoio de Marina não veio como se esperava", diz o cientista político da FGV/SP Fernando Abrucio
Foto:  Murillo Constantino

O sr. consegue fazer um prognóstico para esta eleição?
Será a eleição mais disputada desde 1989. Isso vai se expressar, provavelmente, na diferença entre os dois candidatos em termos de votos válidos, que deve ficar entre 2 e 6 pontos percentuais. Significa que estamos nos diferenciando das últimas cinco eleições, nas quais duas foram vencidas no primeiro turno, e outras três no segundo, com mais de 10 pontos de diferença entre os dois candidatos. Hoje, o prognóstico é muito difícil. Eu diria que Aécio teria 51% de probabilidade de vencer a eleição, e Dilma, 49%.
Essas pesquisas, então, seriam confiáveis?
Acho que sim. Agora, tem que dizer que isso é hoje. Temos que lembrar que de 15% a 20% dos eleitores totais podem mudar de voto, sejam aqueles que estão se colocando como indecisos, com votos brancos e nulos, ou aqueles que, por enquanto, estão optando por Dilma ou Aécio. Ou seja, um quinto dos eleitores pode se mexer, e isso nos dois últimos dias da eleição.
Que fatores poderiam influenciar a decisão dos eleitores na última semana?
sentimento do eleitor é um desejo de mudança com estabilidade. Quando a gente olha as qualitativas e quantitativas e faz uma síntese delas, vê que os eleitores querem mudança, mas temem perder as conquistas. É um eleitor difícil de avaliar. Quando o eleitor é de continuidade — como foi em 1994, 2006 e 2010 — sabe-se mais claramente para onde ele vai. Quando é de completa mudança, como foi em 2002, você também sabe. O grande problema, hoje, de entender qual será o resultado final, não se restringe às pesquisas de opinião, é o sentimento geral do eleitorado, que é uma busca por mudanças com estabilidade. Esse sentimento é difícil de traduzir e é mais claro não nos extremos do eleitorado, mas nesses 20% que estão entre brancos, nulos e indecisos. Não por acaso, Aécio tem dito que é o candidato da mudança, mas que continuará fazendo as políticas públicas que dão certo.
Qual é o limite da mudança que ele propõe, então? 
Se Aécio chegar e falar que vai mudar tudo que tem aí, porque o governo é, simplesmente, um fracasso, ele perde a eleição. Do mesmo modo, Dilma, que é a continuidade, tem, também, que falar da mudança. É uma eleição de difícil interpretação, sobretudo para esses 20% do eleitorado, que são mais voláteis do que os outros 80%, e que decidirão a eleição. Geralmente, é um eleitorado feminino, de dois a cinco salários mínimos, de média escolaridade — ou seja, não tem tão pouca escolaridade, mas não tem nem ensino superior nem ensino médio completos. Por isso, os candidatos têm que dirigir com as pontas dos dedos, como se diz na Fórmula 1.
E torcer como se estivesse na última curva.
Só que a última curva é diferente para os dois. Para Dilma, nesse momento, a última curva é, no fundo, desconstruir a candidatura do Aécio. E a do Aécio é confirmar a imagem com que ele chegou no fim do primeiro turno. É uma última curva diferente, na qual ambos têm que dirigir no limite. Não por acaso, ambos não aceitaram ser entrevistados pelo “Jornal Nacional”, temendo que, na última curva, algum assunto menos importante aparecesse, e eles não soubessem lidar com isso.
Os debates que serão realizados nos próximos dias terão muito peso? Fala-se muito que o da TV Globo será crucial.
O debate da Globo é o que tem mais peso, por duas razões. Uma é pela audiência; outra, pela proximidade da eleição. O Datafolha mostrou que, no primeiro turno, uma quantidade enorme de eleitores, cerca de 15%, mudou seu voto nos dois últimos dias. Quando a gente olha para os 6% de indecisos, eles respondem que vão decidir na última hora. Eles estão dizendo, em sua maioria, que vão continuar indecisos até a última hora, o que é um avanço democrático. No debate, mais importante do que ter um bom desempenho é não ter um mal desempenho. O que aconteceu no final do primeiro turno não foi só Aécio ter ido bem no debate, mas, principalmente, Marina ter ido muito mal. Na quinta-feira, se houver equilíbrio entre os dois, o vencedor ganhará com um nariz de distância sobre o outro.
Diante dessa análise, a visão de que é uma eleição plebiscitária, em que há uma decisão entre PT ou não-PT, não se aplicaria aos indecisos?

Não. Existe uma parte grande do eleitorado que é dividida. Uma parte mais voltada ao lulismo, ao petismo, e uma parte muito grande antipetista. Só que quem vai decidir a eleição são os que não estão nesses dois blocos. Esses dois blocos se consolidaram, na verdade. São eles que fazem com que PT e PSDB cheguem ao segundo turno. Eles dão vantagem a esses partidos. Se a gente olhar os dados do Ibope do primeiro turno, há algo em torno de 37% de eleitores lulistas de carteirinha e 33% de eleitores antipetistas de carteirinha. Somando esses dois números, dá 70%. Um terço fica flutuando. Nessa eleição, talvez seja um pouco menos que um terço, talvez um quinto. Os outros 10% já foram conquistados ou por Aécio ou por Dilma. Esses 20% não querem, necessariamente, a polarização. Eles querem, na verdade, mudança com estabilidade. No fundo, o trabalho de Dilma em tentar desconstruir Aécio não se dá da mesma forma que a desconstrução de Marina. Desta vez, é desconstruir Aécio para conseguir mostrar, de algum modo, que ele é o retrocesso. Do lado de Aécio, é tentar mostrar que isso não é verdadeiro.
A estratégia de desconstrução aplicada nessa eleição pelos marqueteiros é algo novo?
Não, ela já existiu em outras eleições. No segundo turno de 1998 em São Paulo, Mário Covas fez a campanha inteira dizendo que Paulo Maluf era ladrão e corrupto. A questão é que algumas eleições dependem mais desse tipo de arma eleitoral. Em outras, não tem tanto efeito. Além disso, o mecanismo de desconstrução depende da medida. Na medida certa, é remédio; na medida errada, é veneno. Acho, até, que o PT abusou da medida no primeiro turno, e uma parte virou veneno. No fundo, para o PT, teria sido muito mais inteligente usar pouco esse elemento contra Marina, e deixar que Aécio usasse mais, porque ele precisava ultrapassá-la. Se isso tivesse acontecido, hoje, Dilma seria a favorita para o segundo turno.
O dado mais importante do Datafolha não é a manutenção da pontuação de ambos, mas o aumento do índice de rejeição de Aécio, que está se aproximando de Dilma, o que mostra que a desconstrução, por enquanto, não perdeu a medida.
Não havia a expectativa na campanha de Aécio de que ele fizesse mais uso dessa desconstrução?
No fundo, Aécio está acreditando que o cenário atual é o mesmo do fim do primeiro turno. Ele acredita que Dilma já perdeu a medida na desconstrução. Mas, neste momento, não dá para dizer que Dilma perdeu a mão na desconstrução. Pelo contrário, a rejeição de Aécio está aumentando. Se isso aparecer na próxima pesquisa eleitoral, eu, se fosse ele, tentaria desconstruir mais fortemente Dilma no próximo debate.
Leia também: Dilma em apuros
O que explica a dificuldade da presidenta Dilma nesta eleição?
É preciso olhar a taxa de aprovação do seu governo. A taxa de aprovação da Dilma, que aumentou ao longo da campanha — por isso que ela conseguiu chegar ao segundo turno e respirar — hoje é de 40%. A taxa de aprovação do governo Lula próximo a esse período era de 83%. A taxa de aprovação é o que melhor explica. No atual momento, Dilma está no limite da possibilidade de ganhar a eleição. Se ela ganhar, vai ser por um triz, nesse limite. Se, até o dia da eleição, a taxa de aprovação dela baixar, ela perde. Se ela crescer um pouco mais, 4, 5 pontos, crescem muito as chances de ela ganhar a eleição, embore eu ache que isso seja difícil de acontecer.
Fala-se da divisão regional entre Norte/Nordeste e Sul/Sudeste e de uma divisão social e de renda, em que a maioria dos mais pobres votaria em Dilma e os ricos e a classe média mais alta, no Aécio.
O sr. concorda?
Em parte. Sem dúvida alguma, o Nordeste é fortemente lulista. E o Centro-Sul é mais tucano. Mas não é só isso que explica. Se fosse só isso, Dilma estaria bem mais atrás. É que ela tem no Sudeste, sobretudo no Rio, em São Paulo e em Minas, a votação daqueles que tem até dois salários mínimos. Nesta eleição, entre aqueles que têm entre dois e cinco salários mínimos, Aécio lidera. Mas ele lidera onde? Fundamentalmente, em São Paulo, que é o estado maior e onde ele conseguiu chegar aos mais pobres nesse segundo turno. Isso garante a maior possibilidade de Aécio ganhar a eleição. É um paradoxo lógico. Os mais pobres vão votar na Dilma, mas uma parcela dos mais pobres, em particular, em São Paulo, pode garantir a eleição do Aécio. Portanto, existe uma certa polarização, mas que não é verdadeira por completo, nem do ponto de vista regional, nem da renda. No entanto, se o Aécio perder a liderança nesse eleitorado entre dois e cinco salários mínimos — o que pode acontecer, uma vez que é um eleitorado volátil, com grande participação feminina e menor escolaridade, que tem um número grande de pessoas indecisas, não só de brancos e nulos, mas daqueles que são mais voláteis no momento —, Dilma ganha a eleição. É esse eleitorado que vai decidir a eleição.
Qual é o impacto do apoio de Marina para Aécio?
O impacto não veio como se esperava, porque o eleitor fez suas escolhas antes da Marina. Ela só tinha duas opções: apoiar Aécio no dia seguinte à eleição, ou fazer uma lista enorme de temas vinculados à sua história, que se Aécio não aceitasse, ela diria “olha, não estou ficando neutra, é o Aécio que não segue uma linha mais progressista”. Ao não fazer nenhuma dessas duas coisas, ela perdeu eleitores. De um lado, aqueles que queriam uma decisão mais rápida, pularam para Aécio antes de Marina e não precisam mais dela. De outro, aqueles que queriam um compromisso maior de Aécio com o programa da Rede (que Marina simboliza) ou estão indecisos, ou vão votar branco/nulo, ou já optaram pela Dilma. Creio que ela saiu menor da campanha do que quando entrou. Em certo momento, Marina era favorita para ganhar no segundo turno. Hoje, ela tem menos capacidade de influenciar o voto do que há 15 dias. Houve uma redução do poder de Marina. Isso quer dizer que ela acabou politicamente? Claro que não. Mas ela terá que reconstruir sua carreira política, sua inserção na vida política brasileira. E os caminhos ficaram mais difíceis para ela.
Há uma tendência dos indecisos pró-Dilma?
Eu diria que sim. Mas não é que os indecisos todos vão para Dilma, porque indeciso ainda é indeciso. Eles não têm um voto ainda. Se fosse hoje, Aécio ainda ganharia, porque eles ainda estão indecisos. Mas, se, na próxima semana, Aécio perder votos nessa faixa de dois a cinco salários mínimos, em particular no Sudeste, e aumentar sua rejeição, a gente inverte: Dilma vira favorita.
A garantia dele seria o voto desse eleitorado em São Paulo?
Em São Paulo, Minas e Rio.
Por que essa faixa de renda pendeu para o PSDB?
Há uma situação que gera um certo paradoxo. Essas pessoas melhoraram de vida ao longo dos últimos 12 anos, principalmente durante os oito anos em que Lula foi presidente. Nos últimos quatro anos, a vida delas não melhorou tanto. Quando elas melhoraram, começaram a se tornar mais demandantes de coisas que antes não tinham, como a qualidade dos serviços públicos. Essas pessoas estão com uma enorme estabilidade no emprego. Portanto, não tem mais aquela situação de insegurança no emprego, que era muito forte no segundo governo FHC e destruiu o seu governo. Mas elas querem mais serviços públicos. Muitos vão dizer que elas se tornaram mais conservadoras, mas não são conservadoras no sentido ideológico. Elas começam a temer que possam perder posição. Essas pessoas eram mais favoráveis ao Bolsa Família há dois, três anos, do que hoje.
Há a perspectiva de uma presença maior de Lula nesse final de campanha. O sr. acha que isso influencia?
Ainda não está claro qual vai ser o envolvimento do Lula na campanha. Por enquanto, tem sido muito menor do que vem sendo alardeado pelos petistas. A primeira tarefa da campanha da Dilma é conseguir, efetivamente, envolver o presidente Lula. Se eles conseguirem isso, Lula tem um possível impacto, sobretudo no eleitorado do Nordeste, mas também no Sudeste, como no Rio, entre o eleitorado mais pobre. No Nordeste, ele pode aumentar a diferença da Dilma para o Aécio, o que já seria algo importante, embora não completamente decisivo do ponto de vista do resultado eleitoral. Mas não está claro para mim qual vai ser o envolvimento dele. Afinal, o que ele tem dito é que vai fazer campanha nos lugares em que o PT ou algum aliado está concorrendo ao segundo turno. É verdade que uma parte deles está no Nordeste, como no Ceará ou na Paraíba, o que vai favorecer, por tabela, a presidente Dilma. Mas ele pode fazer algo mais forte ainda indo para Ceará, Paraíba, Bahia, Pernambuco, pode ir a alguns lugares da região Norte e tentar fazer uma campanha mais forte em São Paulo e Rio. Por enquanto, isso não aconteceu. Tem ali um jogo mais oculto, por enquanto, de qual vai ser o grau de envolvimento do Lula nesse final de campanha da Dilma no segundo turno. Se ela conseguir envolvê-lo, ganha uma arma importante.
Como o sr. vê a questão do mercado financeiro contra Dilma?
Acho que tem a ver com uma sensação de que a política está errada, ao menos para aquilo que o mercado financeiro acredita ser a política econômica certa. Eles apontam a queda do superávit primário, o aumento da taxa de inflação, a redução do crescimento econômico. Em segundo lugar, o mercado financeiro tinha um maior entrosamento com o governo Lula e com o governo Fernando Henrique. O corte não é o governo Lula, é o governo Dilma. Quando o governo Lula adotou políticas anticíclicas, o mercado financeiro não ficou bravo com isso. A grande maioria queria a manutenção do lulismo, até porque viu no Serra algo diferente do que viram no Fernando Henrique. No governo Dilma, há um corte, em parte por erro da avaliação das políticas econômicas, mas também por essa falta de entrosamento. Bateram de frente várias vezes, há a história de como houve a redução da taxa de juros. Nesse processo, houve o predomínio de um cabo de guerra entre o governo e o mercado financeiro. A presidente não foi capaz de reconstruir as pontes com o mercado financeiro.
Ela devia já anunciar a nova equipe econômica?
Ela devia ter anunciado a equipe econômica, se fosse o caso de querer mudar, há seis meses. Não o fez, embora já tenha demitido e mantido em atividade o ministro. Agora, no meio da campanha do segundo turno, creio que criaria mais ruídos do que pontos a favor. Acho que Dilma perdeu o timing disso.
O sr. acha que se o presidente Lula tivesse sido candidato, a situação seria diferente?
Para Lula ser candidato, Dilma teria que, de alguma forma, obedecer a ele. Lula pediu no final do ano passado a mudança do ministro da Fazenda. Se ele tivesse sido candidato, ele poderia dizer que a presidente Dilma governa, mas ele está ajudando a consertar algumas coisas, porque ele é o candidato. Se isso ocorresse, acho que ele teria sido o franco favorito para essa eleição. Mas não ocorreu. Dilma acreditou até o final que ela teria chances, embora tenha chances muito apertadas. E, por outro, Lula não quis comprar essa briga, já que ele não tinha a convicção de Dilma de que ele deveria ser o candidato. Seria um desgaste muito grande e que poderia gerar mais problemas do que soluções ao próprio PT.
Parece que ele está se preservando para 2018.
Em parte, sim. Ele não brigou para ser o candidato, e não ajudou tanto ao longo da campanha de Dilma até agora porque não foi chamado para tal. Alguém só vai participar de uma campanha mais fortemente se você coloca o cara no pedestal. Aécio fez isso com Fernando Henrique. Ele fala mais do Fernando Henrique nos debates do que Dilma fala do Lula. Obviamente, Lula está apoiando Dilma, mas com menor intensidade. Creio que, se ele fosse chamado, colocaria alguns poréns, e ela teria que aceitar pelo menos uma parte desses poréns, e ele estaria hoje com maior participação. Mas os petistas não podem exigir maior participação do Lula sem dar o papel central que ele quer ter. Por isso, ele prefere ter uma participação mais low profile ao longo da campanha. A opção dele não é apenas um cálculo em relação a 2018, é resultado da forma com que a campanha da Dilma o tratou — num certo momento, em agosto, se aproximou do Lula, e, no momento em que a Marina começou a cair, se afastou dele. É uma situação de incerteza também para ele.
O sr. disse no ano passado que o PT precisava construir uma relação bem azeitada com o PMDB para ter êxito nas eleições. Isso deu certo?
Não deu muito certo. Em alguns estados, como Minas e Piauí, houve esse acordo, uma articulação capaz de agradar aos dois lados. Mas houve um número enorme de lugares em que a aliança não deu certo. O resultado é duplo: o governo perdeu apoio na própria campanha, vide Rio Grande do Sul, e se, porventura Dilma ganhar a eleição, ela terá um cenário difícil, terá que reconstruir essa relação, que hoje é muito ruim. Metade da Câmara está com Dilma e a outra metade, contra. No Senado, está um pouco melhor, ela tem apoio da maioria.
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que metade do partido está com Aécio. Se Dilma vencer, ela terá um PMDB mais rebelde?
A frase do Eduardo Cunha tem a ver também com o passado, quando eles acreditavam que teriam maior entrosamento com o governo. Além disso, tem a ver com o cheiro da possibilidade de Aécio ganhar a eleição. Há ainda outro elemento que está fora dessa discussão: ele está com medo do combate à corrupção, porque existe um número enorme de deputados, senadores e governadores com temor de que toda essa história da Petrobras traga mais histórias. Acho que, de certa maneira, Cunha aposta que um governo de Aécio Neves seria melhor porque, de alguma forma, não precisariam da incômoda aliança com o PT e com Dilma, que maltrataram o PMDB nos últimos anos. E, também, porque eles acham que com Aécio seria mais fácil segurar essa avalanche que pode vir dos escândalos. É uma aposta.
O sr. acha que temas como corrupção, Petrobras e nepotismo vão pesar na reta final?
Pesou até agora. Ajudou a oposição a trazer para um empate técnico. Claro que ajudou muito mais dessa vez do que nas outras porque o cenário econômico não é bom. Nessa reta final, se for encontrado algo novo sobre a Petrobras para a presidente ou contra Aécio, é claro que pode atrapalhar. De resto, o que foi denunciado já teve efeito forte. Temos, no mínimo, um empate técnico e, no máximo, ligeiríssima vitória de Aécio.
A chegada, então, vai ser no photochart, como no turfe?
Vão dirigir como na última volta da Fórmula 1, mas a chegada estará mais próxima do “cruza a reta final” do turfe.
O sr. acha que essa polarização entre PT e PSDB continuará?
Ainda não dá para chegar a essa conclusão, porque vai depender de quem for eleito em 2014 e de seu governo. Em 2018, já começa um cenário na política brasileira no qual quem foi a elite do sistema político nos últimos 20 anos — particularmente os grandes líderes do PT e do PSDB — estará deixando a política. Entre 2018 e 2022, ocorrerá uma transição geracional na elite política brasileira que não é só uma questão de idade, mas de pessoas. Para 2018, não dá para garantir que acaba a polarização. Mas, para 2022, fica cada vez mais difícil manter a polarização, pelo menos nos termos em que ela se colocou nos últimos 20 anos.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Sustentabilismo

O Sustentabilismo é a sistematização das ideias e práticas que se referem à sustentabilidade. É o conjunto de ideias e conceitos referentes à sustentabilidade.
Para mim, o Sustentabilismo é o substituinte ideal para o Capitalismo,  diferente de vertentes mais avassaladoras do Socialismo, do Comunismo, do Totalitarismo ou outros ismo que insistimos em criar para nos organizar (ou desorganizar, como preferir).
O conceito de desenvolvimento sustentável envolve a relação da atividade humana com o meio ambiente, a economia, a sua própria convivência em sociedade, a sua cultura, entre outros aspectos importantes. A ideia é preservar os recursos naturais para as gerações futuras sem bloquear o desenvolvimento industrial, estabelecendo mudanças de comportamento para equacionar a questão de como manter a qualidade de vida sem destruir o planeta é fundamental para o sustentabilismo.
Em princípio, é essencial ser claro que o propósito é criar dignidade e bem-estar, ou livre, autônomo, empregabilidade, empreendedorismo, solidariedade e saudável. Portanto, este processo de desenvolvimento deve ser inclusiva, deve ter a chance para pensar sobre a sustentabilidade a longo prazo, com a participação da maioria e igualdade de oportunidades. políticas e ações da sociedade como um todo.
Parece ser complexo, e muitas vezes o é, para isso, o Sustentabilismo precisa compreender que há uma real necessidade da quebra de paradigmas para ser possível atingir o sustentabilismo que vai muito além de questões mercadológicas ou superficiais.

Palestrante: Bazileu Margarido


Bazileu Alves Margarido Neto é um Engenheiro de Produção-Mecânica, com Mestrado em Economia, que saiu da cidade de São Carlos, interior de São Paulo, para se destacar no cenário nacional. Além de sua ampla bagagem técnica, é reconhecido como um profissional ético, humano e idealista que atua intensamente para transformar o Brasil num país mais justo, solidário e sustentável!!!

Nascido em São Carlos, 04 de fevereiro de 1961, filho de Bazileo Alves Margarido Filho e Therezinha Pistelli Margarido, é o caçula de cinco irmãos.

Ele representa a terceira geração de “Bazileus”, que tem em seus pais a união de duas tradicionais famílias de São Carlos: pelo lado paterno, os sobrenomes portugueses “Alves Margarido”; e “Pistelli” de ascendência italiana, pelo lado materno.

Seu pai era bancário do Banco do Comércio e Indústria de São Paulo S.A. (COMIND), e por essa razão se mudou algumas vezes, levando consigo sua esposa e filhos.

Quando Bazileu Margarido ainda não tinha completado um ano de vida, seus pais se mudaram para Santos, região litorânea de São Paulo, onde se alfabetizou e iniciou o ensino fundamental no Colégio do Carmo.

Aos 10 anos de idade, novamente se mudaram para São Paulo, onde estudou até concluir o Científico no Colégio Dante Alighieri. Pelas salas de aula desse que é considerado um dos mais tradicionais estabelecimentos de ensino da capital paulista já passaram inúmeras personalidades marcantes da história nacional, como por exemplo: senador Aloysio Nunes, modelo Bruna Lombardi, cantora Maria Rita, jornalista Mauro Beting, ex-prefeito de São Paulo Miguel Colasuonno, cientista César Lattes, jornalista e escritor Mino Carta etc.

Além de estudar, Bazileu Margarido gostava de praticar esportes. Recorrentemente, viajava aos finais de semana e nas férias para participar de torneios de vôlei com times da rede escolar e da federação estadual de São Paulo. Também competia em campeonatos amadores de basquete e, mais tarde na faculdade, de futebol.

Perto de completar o segundo grau, começou a se preparar para o vestibular frequentando o cursinho Anglo, no bairro da Liberdade.

Nos anos 70 não existiam tantos cursos superiores. O direcionamento para o vestibular era bem estereotipado. Se dizia que o estudante com habilidade em Ciências Biológicas deveria seguir carreira na área de saúde, aquele que dominasse bem Língua Portuguesa devia fazer Direito, Sociologia ou outros cursos na área de Ciências Humanas, e o aluno bom em Matemática e Física deveria cursar Engenharia.

Bazileu Margarido gostava de números, cálculos e análises funcionais, o que o levou a fazer o vestibular de Engenharia. Aos 18 anos, ingressou na Escola de Engenharia de São Carlos, uma das unidades da USP. Assim, retornou para sua cidade natal, residindo na “República Fome”. Rapidamente fez inúmeros amigos, se envolvendo no movimento estudantil no Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira - CAASO - órgão representativo de todos os alunos de graduação da USP São Carlos. Ocupou vários cargos nas Diretorias, inclusive chegando a Presidência do Centro Acadêmico.

Aquele foi um período extremamente rico para a sociedade brasileira. Bazileu e seus amigos atuaram intensamente no movimento de redemocratização, participando de greves, protestos, passeatas, cobrando das autoridades melhorias para o ensino universitário e demais políticas públicas.

Esteve presente nos principais acontecimentos políticos da época. Em 1982, vivenciou a primeira eleição direta para governador, que elegeu em São Paulo o advogado Franco Montoro. Nos anos seguintes, com os demais membros do CAASO, Bazileu Margarido fez inúmeras viagens de ônibus fretado para participar de eventos pela aprovação da Emenda Constitucional do Deputado Federal Dante Oliveira, que reivindicava por eleições diretas para escolha do Presidente da República. Em novembro de 1983, esteve na manifestação na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, e em janeiro de 1984, no megaevento, com 300 mil pessoas, na Praça da Sé, no comício histórico que reuniu diversas personalidades políticas, artistas e lideranças sindicais. Até hoje ele guarda ótimas lembranças daquele período, especialmente da certeza que, independente das adversidades e obstáculos, a força coletiva das massas pode transformar um país.

Em dezembro de 1985, formou-se Engenheiro de Produção-Mecânica, passando a atuar na iniciativa privada e, posteriormente, como professor universitário.

Foi nesse período que se casou com Maria José Ferreira Furegato Margarido, a quem conheceu cursando a faculdade de engenheira civil. Ela é de Cravinhos, cidade próxima a Ribeirão Preto, distante 100 km ao norte de São Carlos. Eles não tem filhos, mas contam com a presença de muitos sobrinhos e sobrinhas ao seu redor, pois ambos tem famílias grandes. Bazileu tem cinco irmãos e Maria José possui cinco, a maioria deles vivendo no estado de São Paulo.

Seu primeiro emprego foi indústria de móveis Escriba, em Taboão da Serra, região metropolitana de São Paulo.

Depois atuou na fábrica de máquinas e tratores Valmet, em Mogi das Cruzes. Em março de 1988, começou a dar aulas como Professor-auxiliar da Universidade de Mogi das Cruzes.

Em 1988, ingressou no Mestrado em Economia de Empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde conheceu o renomado professor Eduardo Suplicy que disputava naquele ano uma vaga na Câmara de Vereadores de São Paulo. Mesmo estando bastante ocupado com os estudos, Bazileu não deixava de lado os movimentos populares e acompanhou de perto aquelas eleições.

Naquele pleito eleitoral, Eduardo Suplicy foi o vereador mais votado, tendo cinco vezes mais votos do que o segundo colocado. Em decorrência dessa expressiva votação, ele assumiu a presidência da Câmara Municipal e convidou-lhe para assessorá-lo nos trabalhos legislativos. Essa foi uma fase bem intensa, na qual teve que dividir seu tempo com as disciplinas e coleta de dados do Mestrado, além dos trabalhos da assessoria parlamentar.

Outra conquista daquele ano aconteceu a partir de um intercâmbio da Fundação Getúlio Vargas, que o possibilitou fazer sua primeira viagem ao exterior para participar do Program in International of Management (PIM), na Università Commerciale Luigi Bocconi, de Milão- Itália, de agosto de 1989 a fevereiro de 1990, cursando as disciplinas “Economia Internazionale” e “Funzioni Commerciali”.

Ao retornar da Europa, tornou-se professor de Economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), até dezembro de 1991.

Em 1991, Eduardo Suplicy se tornou o primeiro Senador eleito pelo Partido dos Trabalhadores. Bazileu não pôde acompanhá-lo à Brasília, devido o compromisso de seu Mestrado.

Só após defender sua Dissertação “Desarticulação Social – um modelo para o Brasil”, em 1993, pôde seguir para o Planalto Central, como Assessor Técnico do Senador Eduardo Suplicy. Juntos publicaram o artigo “Políticas Sociais: o Programa Comunidade Solidária e o Programa de Garantia de Renda Mínima - PGRM”, com reflexões acerca dos instrumentos de organização das políticas sociais. Essa proposta do Senador Suplicy foi o embrião do Programa Bolsa Família, que se tornaria uma década depois a marca do governo do Presidente Lula.

Nas eleições de 1994, Suplicy ganhou outros quatro companheiros no Senado: Benedita da Silva do Rio de Janeiro, Lauro Campos do Distrito Federal, José Eduardo Dutra de Sergipe e Marina Silva do Acre. Suplicy, por ser o mais experiente, tornou-se líder da bancada e montou um gabinete para agremiar as propostas e iniciativas de seus membros.

Dessa forma, Bazileu Margarido ampliou suas obrigações tornando-se Assessor Econômico da Liderança do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal, de 1995 a 2000. Executou inúmeros serviços, dando valiosas contribuições a diversos parlamentares. Do acompanhamento dos assuntos internos aos gabinetes, das comissões especiais e dos trabalhos no Plenário, ele pôde ter uma compreensão mais ampla dos trâmites e variáveis da gestão pública e das enormes responsabilidades que um gestor possui para com a população que ele representa. Ao deixar o Senado, saiu reconhecido como um profissional correto, leal e devotado a executar com presteza e bom ânimo as tarefas que lhes são confiadas.

Através de um convite do prefeito de São Carlos, Prof. Newton Lima, passou a ocupar a Secretaria Municipal da Fazenda, de janeiro de 2001 a novembro de 2002. Neste posto, empreendeu uma linha de atuação fundamentada na austeridade fiscal e voltada a recolocar em dia as finanças públicas do município de São Carlos, iniciando o trabalho de equacionamento da dívida e dedicando-se a habilitar a cidade a captar novos recursos e a participar de programas de investimentos governamentais.

Em 14 de janeiro de 2003, Bazileu Alves Margarido Neto assumiu como Chefe de Gabinete da Ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Outros nomes de grande destaque na área ambiental compuseram a equipe ministerial, tais como: Cláudio Langone, João Paulo Capobianco, Gisela Santos de Alencar, Muriel Saragoussi, Mary Allegretti, Gilney Amorim Viana, João Bosco Senra, Marijane Lisboa, entre outros. O médico manauara, Marcus Luiz Barroso Barros, foi nomeado presidente do IBAMA. Num período de quatro anos de gestão, conquistaram inúmeros resultados valiosos: realização de concursos e ampliação do quadro funcional dos servidores da área ambiental; ampliação da gestão participativa; fortalecimento do CONAMA, realização de Conferências Nacionais de Meio Ambiente (CNMA), criação de Unidades de Conservação, notadamente nas categorias de uso sustentável; redução dos desmatamentos; melhorias no licenciamento e na gestão dos recursos hídricos etc.

De maio de 2007 a julho de 2008, Bazileu Margarido presidiu o IBAMA, marcando uma importante fase de renovação do Instituto. Esse período foi certamente um divisor de águas na história do instituto, por que, num curto espaço de tempo, propostas antigas de reestruturação do órgão se efetivaram, fazendo surgir intensos debates e questionamentos. De modo geral, as transformações em nossa sociedade e nas instituições públicas acontecem de maneira vagarosa e sem grandes sobressaltos.

Com a promulgação da Constituição de 1988, conhecida como Constituição Municipalista, o governo federal passou a adotar paulatinamente medidas para transferência de atribuições aos demais entes federados (Estados e Municípios). Os constituintes eram unânimes em afirmar que as políticas públicas básicas de educação, saúde, assistência social, cultura, meio ambiente etc. deveriam ser executadas mais próximas aos cidadãos, em vez de serem pensadas e executadas por burocratas de Brasília.

Essa ideia de readequar as competências e responsabilidades da política ambiental esteve presente desde a criação do IBAMA e se intensificou a partir do Plano de Reorganização Institucional, que foi realizado por meio de ampla participação dos servidores, sob a liderança do biólogo Eduardo de Souza Martins, no biênio de 1996-1997. Esse Plano propunha de maneira enfática realinhamentos das ações e projetos do IBAMA. Já naquela época, se falava na criação de uma instituição dedicada exclusivamente à implementação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), para atender as necessidades específicas dos Parques, Florestas Nacionais, Reservas Biológicas, Estações Ecológicas, entre outras áreas especiais do patrimônio natural brasileiro.

Assim, em atendimento a antiga reivindicação de amplos setores da sociedade que atuam na agenda socioambiental, no início do segundo mandato do presidente Lula, a Ministra Marina Silva apresentou uma proposta ousada de criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), que se somaria ao IBAMA nos esforços de proteção dos recursos naturais em âmbito nacional.

Ao mesmo tempo que havia um amplo reconhecimento das limitações financeiras e de recursos humanos para gerir tantas atribuições, os servidores do IBAMA, em geral, temiam e rechaçavam quaisquer propostas de transferência/divisão de responsabilidades com outras entidades, quer seja dos governos federais e estaduais, da iniciativa privada ou das Organizações Não Governamentais (ONG). Especialmente considerando o movimento sindical e associativista, o mais interessante era manter o IBAMA grande e com ampla presença em todo território federal.

A gestão de Bazileu Margarido representa o momento no qual todos esses interesses, anseios e necessidades se concretizaram. Foi um divisor de águas na história do IBAMA. Nos anos seguintes, várias readequações de atribuições e competências foram efetivadas, promovendo uma ampla renovação do Instituto e de todo o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Aprovação da Lei Complementar nº 140/2011 definindo as responsabilidades do IBAMA e Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMA); fortalecimento do licenciamento ambiental; foco da fiscalização ambiental no controle do desmatamento da Amazônia; estruturação do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais (CTF/APP); assinatura de Acordos de Cooperação Técnicas com os estados nas áreas de gestão da fauna silvestre e controle de matéria-prima florestal são algumas das mudanças decorrentes daquele período.

Entretanto, vale destacar que aquele momento não foi importante apenas como gerador de mudanças futuras, pois várias conquistas imediatas foram alcançadas.

A Operação Arco de Fogo, lançada no início de 2008, fortaleceu as articulações para coibir as atividades ilegais. O IBAMA, em conjunto com a Força Nacional e a Polícia Federal, realizaram diversas operações para combater crimes ambientais por todo país.

Nesse período, houve a aprovação da Resolução nº 3.545, de 29 de fevereiro de 2008, do Conselho Monetário Nacional restringindo créditos agropecuários para áreas com ilícitos ambientais. O IBAMA passou a divulgar na internet as áreas multadas e embargadas pela fiscalização, dificultando a obtenção de empréstimo rural para as propriedades sem a devida comprovação da regularidade ambiental.

Além das atividades de manutenção do órgão, foram realizadas obras de reforma em várias Superintendências (SUPES), como de São Paulo, Minas Gerais, Pará e outras, cuja interrupção ou lentidão causava transtornos no ambiente de trabalho.

Outra grande conquista da gestão de Bazileu Margarido se deu com a inclusão da Carreira de Analista Ambiental no acordo salarial enviado ao Congresso Federal, no final de 2007. Desde o primeiro semestre daquele ano, a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento Orçamento (SRH/MPOG) estabelecia um amplo processo de negociação, que abrangia praticamente todas as categorias funcionais, com previsão de aumentos reais nos três anos seguintes. A carreira de Analista Ambiental não vinha participando das negociações devido a greve dos servidores, mas Bazileu Margarido e sua equipe não mediram esforços para apoiar a Associação de Servidores do IBAMA (ASIBAMA) no objetivo de incluir a carreira no processo. A euforia foi enorme quando os milhares de servidores espalhados pelo país souberam da conquista, em prazo recorde, de ganhos salariais equivalentes e até mesmo superiores à maioria das carreiras que vinham negociando há meses.

Ao final de sua gestão, deixou marcas importantes para a instituição, o que foi reconhecido na cerimônia de posse de seu sucessor, o geógrafo Roberto Messias Franco, que era Diretor de Licenciamento Ambiental.

Após deixar a presidência do IBAMA, continuou como Assessor Técnico da Senadora Marina Silva, de julho de 2008 a julho de 2010.

De 2010 a 2013, atuou como Consultor Sênior no Instituto Democracia e Sustentabilidade – IDS, na elaboração de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável.

Participou da coordenação das campanhas presidenciais de 2010 e 2014, da ambientalista Marina Silva, nesta última exercendo as funções de Coordenação Executiva e membro do Comitê Financeiro.

Atualmente, ele exerce o cargo de Porta-voz da Rede Sustentabilidade, que está se estruturando como um novo modelo de participação democrática na construção de políticas públicas. Sua dedicação a esse projeto é integral, no qual não tem medido esforço no intuito de unir forças de diversos segmentos num propósito de renovação e transformação de nossa sociedade.

Desde sua juventude, Bazileu Margarido tem orientado sua vivência com foco na coletividade, na prática de esportes ainda no ambiente escolar, passando pelo movimento estudantil na universidade, como em toda sua atuação profissional.

Sempre se cercou de pessoas de princípios éticos que priorizam os interesses coletivos aos exclusivamente individuais. Buscou incansavelmente aliar a tais valores um constante aprimoramento técnico/intelectual.

A construção de ações voltada aos valores coletivos e o foco na excelência técnica são marcas de sua atuação na esfera pública, no Senado, Secretaria Municipal de Fazenda de São Carlos, Ministério do Meio Ambiente e no IBAMA.

Certamente que seus familiares e conterrâneos de São Carlos tem muito do que se orgulhar, e não só aqueles de sua cidade natal sentem-se envaidecidos em razão dessa nobre biografia, pois em todo país existem admiradores que acompanham e apoiam suas ideias e propósitos.

Bazileu Alves Margarido Neto é certamente um profissional de sucesso. Fez a diferença em muitas instituições, com destaque especial na história do IBAMA. Foi responsável por liderar o Instituto num momento importante, conduzindo-o num processo de renovação. Daquela época, carrega boas referências de resultados e acontecimentos marcantes. 


Foi porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade durante o processo de oficialização e atualmente é coordenador executivo nacional do partido.


Palestrante: Rogério Godinho

Escritor e jornalista com passagem pela Gazeta Mercantil, Forbes Brasil e colaborador do jornal Valor Econômico, IstoéDinheiro e Você S.A.
Autor da biografia O Filho da Crise, lançada em novembro de 2011 e traduzida para inglês e espanhol.
Em 2014, assina Tente Outra Vez – O Caminho de Nathalia Blagevitch em uma Sociedade Deficiente.
No mesmo ano, lança a biografia Nunca na solidão – Ética, sustentabilidade e o surgimento da nova política.
Atualmente, realiza o projeto Nunca na solidão, ministrando cursos e palestras sobre ética, sustentabilidade, nova política e o pensamento complexo.
Também ministra o curso Escreva com técnica, para quem já trabalha com texto, e Escreva como um líder, voltado para executivos.
Rogério Godinho estudou história global e globalização, em Harvard, e frequentou o Massachusetts Institute of Technology (MIT) como aluno visitante de filosofia.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Será que realmente nos preocupamos em zelar pelo nosso meio ambiente?

O desenvolvimento das atividades pessoais muitas vezes podem nos distanciar com o meio ambiente, essa distância deve ser observada em prol da coerência entre o discurso e a prática.

Obviamente, atitudes extremas pouco tem relação com a sustentabilidade do ser, pois as pegadas existem, mas o trabalho executado para que seu impacto seja minimizado ou remissivo torna alinhada a prática com o discurso.

Podemos iniciar observando nossas compras e nossos resíduos, qual é o volume circulante? Será que suficiente ou está acima do plausível? Comece a escolher as embalagens de todos os produtos consumidos nos últimos 15 dias, verifique que o volume, veja o que você pode fazer para que os próximos 15 dias o volume seja menor.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Atividades do dia 13 de Novembro de 2016

HorárioAtividade
9:00Boas Vindas - Café da Manhã Colaborativo
9:30Abertura - Momento Cultural
9:45Diversidade em REDE - O empoderamento da diversidade na teoria e na prática
10:00Análise da Conjuntura Política - Bazileu Margarido
10:30
10:45Juventude em REDE - O empoderamento do jovem na teoria e na prática
11:00Dinâmica Redeira
11:30Mapeando a REDE no Estado de São Paulo -
12:00Almoço
13:30Vamos falar sobre Formação Política?
14:00
14:30Vamos falar sobre Ativismo e Movimentos Socais?
15:00
15:30Vamos falar sobre a Coordenação Geral?
16:00
16:45Encerramento - Momento Cultural
17:00Encerramento